Do que a gente aprende...


Deixar partir, nem sempre nos dá outras opções. E é tão estranho quando algo precisa terminar. Aceitar as coisas como são nem sempre significa compreender o porquê não foram bem do jeito que gostaríamos que tivesse sido. Existe um limiar entre o passado e o presente, que não devemos ultrapassar. Chega uma hora, que sentimentos grandiosos se reduzem a nada. O nada que você optou para não sentir mais dor. Bem no início você chora, faz drama mexicano, faz birra feito criança – mas, passa. Passa porque tem que passar e você se recusa a prolongar esse tipo de ritual. Você percebe o quanto é cansativo manter esse jeito de levar as coisas. Acostuma-se. Porque quando você se cansa, o destino se renova e a vida dá as voltas necessárias para que você amadureça e receba de braços abertos o que ela tem a te oferecer. Não é que para de doer. Mas é que você aprende que, às vezes, quando perdemos algo, é porque bem ali na frente você ganhará. Aceitar que nada foi em vão é prolongar seus anos de vida. Quando algo termina, nem sempre há solução. Então você coloca um sorriso no rosto e finge que é sincero, porque uma hora vai ser, sabe? Talvez o eterno não exista mesmo... E nós, imensamente pequenos, para compreender ou aceitar isso. 

*
— É possível um rio secar completamente?
— Claro que é.
— Mas será que ele não enche depois? Nunca mais?
— Alguns sim, outros não.
— Mas nunca mais?
— Sei lá, acho que não.
— Você tem certeza?
— Certeza eu não tenho. Só estou dizendo que acho. Afinal não sou nenhuma especialista em matéria de rios, secos ou não.
— Sabe?
— O quê?
— Eu tinha esperança que o rio voltasse a encher um dia. 
(Caio Fernando Abreu)



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