Sobre perdão, a obrigatoriedade de seguir em frente, ou, "O Novo Rumo!".


Eu não consigo deixar de pensar o que seria das nossas vida se... O que seria das nossas vidas se. Tivéssemos simplesmente escolhido diferente. Talvez tivéssemos tido o nosso filho e ido morar no interior. Talvez tivéssemos o almoço no domingo e a noite ficássemos na varanda sentindo nostalgia de tudo o que ainda não tínhamos vivido, mas iríamos. Talvez tivéssemos durado a vida inteira ou apenas por um ano. Nunca saberemos... Nunca saberemos o que seria das nossas vidas se... O que seria das nossas vidas se você tivesse me escolhido. Acordei hoje cedo com vontade de tomar café e ver filmes antigos... Lembrei da gente e senti saudades. Pensei em te procurar mas já era muito tarde. E eu queria que você soubesse que o motivo de não tê-lo procurado, nunca foi orgulho. Ainda agora eu percebi que já te perdoei... Você não pode passar o resto da vida carregando a alcunha de Monstro do Lago Ness por não ter conseguido me amar de volta. Você não tem culpa por não ter conseguido me amar de volta... Eu dei o melhor que eu podia e você não estava pronto. Você simplesmente não estava pronto pra receber... Passou. 
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E eu não posso passar o resto da minha vida à sombra de tudo o que não vivemos mais podíamos. Porque não vamos, sabe? E porque você já tem uma nova namorada e eu me casei... cara, eu me casei! E eu preciso parar de escrever sobre você porque eu preciso seguir em frente. Porque aceitar que eu te amo, não me dá o direito de viver pra sempre nesse oceano de impossibilidades. Amar você não precisa fazer de mim uma mulher cruel e perversa. Dessas que só pensam em si e estão sempre muito ocupadas para pensar nos outros. Eu não sou a frustração do que não vivemos. Isso é o meu passado... e já passou. Eu não quero mais praguejar contra a sua felicidade estilo "eu-vivo-muito-bem-obrigado-sem-você". Eu não preciso mais disso. Eu envelheci demais nesses últimos meses, e a verdade é que... eu não tenho mais saco pra dramas mexicanos. Eu não tenho mais paciência para me embriagar de você e vomitar a noite inteira, saudades... Minha saúde anda debilitada e meu rim esquerdo tem me deixado na mão, então... vamos com calma. Eu não sou mais uma menina, cara. Eu não sou mais a sua menina. Eu sou uma mulher com fios de cabelos brancos, com um par de rugas que não leva ninguém pra cama e uma ranzinzice que não faz nenhum pinto subir. Bom, pelo menos a minha fé nas pessoas voltou... Acho que se nunca nos encontrarmos por aí, eu só queria que soubesse que... você foi o erro mais gostoso que cometi. E obrigada, obrigada, obrigada! Pelas deliciosas lições que você me ensinou. Na dor, no amor, no tesão, no poço, na queda, na merda, na redenção... Eu sou tudo o que sou porque você não me amou... Porque se você tivesse me amado... Olha, lá vai eu de novo com esse bendito "se"... Você virou lembrança, página que não se vira, livro proibido, história esquecida que um dia eu vou contar pros meus três futuros filhos. Eu só queria te dizer que... Eu amei você pelo que você é. E é uma pena que você não tenha conseguido me amar também. É estranho que tanto tempo depois, eu continue tendo firmeza para afirmar que, tudo bem... Eu te amo mas tô bem pra caralho e tô seguindo em frente. A lembrança de tudo o que vivemos é bem esquisita. Porque nossa história foi tomada pelas traças e não existe mais aquele você e aquele eu lá de trás. A gente cresceu (cresceu?!), o tempo passou e... e. Eu nunca achei que você se importasse. Eu continuo achando que você não se importa. E como você nunca gritou pra impedir a minha volta, eu voltei. Só pra dizer que... Eu sinto muito por tudo. E eu peço humildemente que você também me perdoe. E o mundo girou e girou, mas eu ainda lembro... Daquela tarde que fomos ao centro de São Paulo e comemos cachorro-quente na barraquinha com o seu primo. Eu ainda me lembro da praia, do carro, do metrô, da cerveja, de tudo. Eu lembro dos seus olhos castanhos e da sua polo rosa... eu ainda me lembro da possibilidade. Eu ainda me lembro do instante em que tudo parecia possível (e era!). Em que toda a felicidade parecia estar disponível. E de como você era lindo. De como éramos lindos. E de como fomos incrivelmente felizes... ali.
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