Tempestades que não param. Pára-raios quem não tem?


[Ouvindo uma favorita há tempos... ali.]

Um dia a gente muda, certo? Todo mundo muda... Às vezes, as mudanças levam anos, outras, levam horas. Vai entender? Eu só sei que acabei mudando. Aos poucos. E até hoje, me dou conta de coisas minhas, que já não estão mais ali. E eu não sei... Em quais esquinas eu perdi a inocência, a alegria de viver (por qualquer motivo pequeno mesmo, e simples, e bonito). Eu já não sei ao certo o que foi que roubou o meu sorriso... E talvez eu jamais consiga saber. Eu só sei que essa mulher que hoje toma conta da minha vida e encara tudo e todos, não sorri pra qualquer um, tampouco por qualquer coisa. Mulher de riso difícil, choro então... quase impossível. E graças a Deus, sabe? Foi por tanto sorrir de graça, que eu paguei caro e sofri por todos os tornados que passaram pela minha vida. Às vezes eu vejo ao meu redor, tanta menina parecida com a menina que um dia eu também fui. Tanta menina dando tudo que tem, por um grande amor. Tanto sentimento gritando de bocas silenciosas e escorrendo de olhos tão secos... Tanta coisa acontece com a gente o tempo inteiro. E é tão difícil sair ileso de tudo isso. É tanta gente que passa pela gente, tanta gente fazendo morada temporária. Vivendo feito cigano, encantando todos os corações vazios – e depois vai embora. Muita gente vem e pouca gente fica. E é triste, sabe? Eu me sinto triste. Mas eu não quero ser... Não quero ser triste, como o poeta que envelhece lendo Maiakovski na loja de conveniência. Nem quero ser estanque, como quem constrói estradas e não anda. Eu ainda prefiro o escuro, como um cego, a tatear estrelas distraídas. Porque a verdade é que, não vale a pena, sabe? Ser triste... Mesmo que seja só por lembrar da felicidade que um dia eu achei que tive. Eu aprendi, que deixar o sofrimento perpassar pelas entranhas, não o torna poético ou mais digno. Chorar alivia. É bem verdade. Mas olhar adiante, revigora. E graças a Deus, que existe, e lá de cima, toma de conta. Porque Ele sabe que eu batalho ferozmente a minha paz. Acho que todas essas linhas amontoadas só queriam dizer que, eu que por tantos anos implorei pra que tantas pessoas ficassem, hoje, eu só peço aos deuses que as levem para bem longe... de mim. E que elas sumam. Todas de uma vez. Pra sempre. E em silêncio. Que é pra não correr o risco de ninguém se lamentar pelo que poderia ter sido e não foi. Nem nunca, nunca mais será.

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