Ninguém nunca disse que seria tão difícil.


Coldplay, bem aqui :)

Engraçado era como eu costumava sorrir, quando olhava uma foto sua. Só que hoje não. Hoje eu olhei sua foto, e senti foi desânimo. Porque você tinha que matar tudo o que eu sentia? Porque você tinha que morrer dessa forma, em mim? Senti uma vontade enorme de dar na sua cara, e te dizer que você é um tremendo idiota, um babaca, um cretino, um fraco, uma serpente da pior espécie, e nunca passou disso. E mesmo sabendo de tudo isso, eu não consigo deixar de pensar em você. A cada dia, a cada ato meu. E quando eu saio por aí, sorrindo ou dançando, eu imagino você me vendo. E sentindo ciúmes. Ou raiva. Porque eu queria é que você sentisse mesmo. Porque raiva e/ou ciúmes significam alguma coisa. E é melhor que não sentir coisa alguma. Você que já foi a minha vida, o meu alicerce, o motivo dos meus sorrisos mais sinceros, hoje não significa mais nada. Não passa de uma foto guardada na lixeira da minha caixa de emails. Uma coisa seca. Que não desce na garganta. Eu só não entendo ainda, o porque de eu continuar olhando suas fotos ou ouvindo músicas tristes... O porque eu sempre volto aqui, pra escrever sobre você... Você não vale isso. Você não vale nada. Mas eu continuo fazendo. Como uma cerimônia perpétua de luto, eu sigo a risca. A verdade, é que você nem morreu do jeito que deveria, aqui dentro de mim. Eu entendi suas inconstâncias. Eu entendi o que ninguém entenderia. Eu entendi tudo. Eu respeitei. Eu fiz tudo como você quis. Eu fiz tudo. Eu me anulei. Eu deixei de amar a mim, para que todo o amor que eu pudesse sentir fosse seu. Eu voltei atrás, mesmo quando disse que não voltaria. E eu perdi as contas de quantas vezes atropelei o meu orgulho ferido, só pra voltar mais uma vez (e sempre) pra você. Eu chorei, eu pedi desculpas e também pedi perdão (mesmo quando eu nem sabia o porquê estava pedindo). Eu aguentei suas besteiras, suas crises de identidade, seu pseudoegocentrismo de quem não precisa de nada nem ninguém para ser feliz, seu coração boêmio. Eu aguentei tudo. Eu me contentei com a sua falta de tempo, a sua pressa de ir sempre embora (quando o meu peito gritava para que você ficasse um pouco mais). Eu compreendi. O seu jeito explosivo e calmo. Um dia me amando como se o mundo fosse acabar na manhã seguinte, e no outro, um desconhecido me pedindo para tratá-lo como qualquer um, e, por favor. Você é o dono de todos os meus textos, de todas as minhas histórias. O dono da curvinha das minhas costas e desse olhar tonto e apaixonado que eu só sei dar para e por você. E eu digo tudo isso, olhando para uma foto no computador, sabe? Porque você morreu pra mim. Você tinha o cargo mais alto na minha vida. Você era Rei, com direito a tapete vermelho e tudo o mais. E você não quis. Você simplesmente não quis. E dói sabe? Bem fundo. Tanto homem querendo ocupar a vaga que você desprezou. E eu nem thum. A verdade é que eu não sei viver sem as tempestades que você trazia, tampouco sem a taqui-bradi-cardia que eu experimentava ao te ver passar. Como viver sem essa angústia vinda de você? Eu sou feliz, sabe? De verdade. Mas eu sou infeliz demais, quando penso em você. Quando lembro tudo o que poderíamos ter sido e tido. E eu sei que não dá mais. E eu nem quero que dê. Não quero mais. Mas eu não sei o que fazer com esse nó. Com esse azedume que fica na minha boca, quando me lembro de você. Ou ainda, de tudo o que você me fez passar nesses últimos anos. Mas vai passar certo? Eu sei que vai passar. Com o tempo eu vou excluir suas fotos da lixeira da minha caixa de emails. E eu não vou mais sofrer. Por todas as impossibilidades que nos cercaram. Nem por eu nunca ter sido escolhida por você.

“Eu queria te contar que agora não dói mais. Queria que você soubesse que já vi nosso filme milhares de vezes e nem chorei. Ok! Chorei. Mas pelo filme, e não por você. Queria que você soubesse que tirei a poeira das nossas músicas, e que as ouço quase todos os dias. Porque elas me faziam mais falta do que você fez. Os nossos lugares não são mais nossos. Eu já voltei lá com outras pessoas, e tenho escrito por lá, outras histórias… Dia desses, vi um amigo tocando violão e ele tocou bem aquela música que você cantarolava pra mim em ritmo de deboche. Lembra? Ela é tão linda… E sim, ela continua sendo muito nossa e lembrando demais você. Mas ainda sim, não dói. Você não pergunta essas coisas, mas sei que gostaria de saber. Porque te conheço. E isso não mudou. Do mesmo jeito que adivinhei as coisas ruins que você aprontaria, eu sei as coisas boas que ficaram aí em você e te fazem lembrar-se de mim. Porque a vida segue. Mas o que foi bonito fica com toda a força. Mesmo que a gente tente apagar com outras coisas bonitas ou leves, certos momentos nem o tempo apaga. E a gente lembra. E já não dói mais. Mas dá saudade. Uma saudade que faz os olhos brilharem por alguns segundos e um sorriso escapar volta e meia, quando a cabeça insiste em trazer a tona, o que o coração vive tentando deixar pra trás.

(Adaptação, Caio Fernando Abreu)

♪ ♪ Oh, it's such a shame for us to part
Nobody said it was easy
No one ever said it would be so hard ♪ ♪

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