Relutâncias
Ouvindo Kelly Clarkson...
...aqui.
E não tem jeito! A vida é cheia de tentáculos e tentação. A gente se esforça pra se achar, pra trilhar o caminho certo, e acaba assim... Saindo pela tangente, fugindo do coração. Sei não, mas acho que dentro da gente, há sempre aquela porção que clama por racionalismo e bom senso, que nos dita a conduta correta (para que não firamos nem a nós mesmos tampouco o nosso brio), que nos avisa do perigo. É que às vezes, na maioria das vezes, é mais legal nem ouvir. Esse texto tem início, mas nunca, nunquinha, que terá fim. É tanta coisa que a gente guarda dentro da gente, tanta coisa que a gente abre mão de viver, tanta coisa que a gente prefere esquecer que sente. Se eu pudesse dar um conselho seria: Não deixe que ninguém seja leviano (a) com os seus sentimentos. Às vezes, a nossa vontade de viver algo incrível é tão grande, que se engana, se mente, se ilude. Atribui a responsabilidade de uma história incrível, ao primeiro imbecil que aparece. Às vezes nossa hora ideal, faz com que pessoas erradas pareçam ideais também. Às vezes a gente se permite viver algo tão menor do que realmente merecemos, por pura e simplesmente baixa estima. E daí nos abrimos, para o que de pior existe no universo. Não se permita ser a pessoa certa, na hora errada de ninguém. Ou ainda: Não seja leviano (a) com o coração dos outros. Não engane, não dê falsas esperanças, não faça com o outro o que não gostaria que fosse feito com você. E não importa o quão vulnerável ou carente você esteja. Seja honesto, seja sincero. E coisas boas virão ao seu encontro. Coisa simples, coisa de avó, coisa de mãe, coisa de quem tem um coração.
Sabe, menino, confesso que fiquei surpresa com a tua reaparição. (Confesso também que o meu coração disparou quando olhei nos teus olhos, e enxerguei mais uma vez, o homem que roubou tantos anos da minha vida). Andei pensando... Não tem muito sentido você admitir agora, que fez besteira. Você faz isso desde o dia em que eu te conheci, cortando o sol, apressado com teu sorriso ensandecedor e tua postura ousada de algoz. (Não sei se eu já tive oportunidade de te dizer, mas desde a primeira vez que te vi, mesmo eu afirmando que não, eu havia me apaixonado por esses teus olhos castanhos e essa boca que…) Mas você faz tudo errado. E eu, o que eu faço com tantos pedidos de desculpas? Eles não levam a nada, se você quer saber. Essa coisa de ferida e cicatriz é tudo verdade. Como é mesmo que dizem? A ferida uma hora se fecha, mas a cicatriz é a lembrança eterna da dor. Erros podem até ter perdão, menino, mas eles nunca têm realmente conserto. Além disso, é tarde, sabe?
Quando eu era criança, costumava brincar com as ferramentas do meu pai, dizendo-me uma cientista inteligente que iria fazer robôs com latas de leite ninho. Olho essas chaves e pregos e martelos e coisas que até hoje não aprendi o nome, e… Se eu pudesse, menino, te deitaria naquela mesa da área de serviço, e passaria um dia inteiro com essas ferramentas nas mãos, consertando os teus defeitos. Desenroscaria teus vícios, acertaria tuas manias, bateria um prego em teus medos e poliria o teu coração… tudo ficaria em seu devido lugar. Seria um dia árduo de trabalho, talvez até dois. Depois, me dedicaria a escavar os teus erros, saboreando a lentidão em que eles seriam transformados em pó, totalmente inofensivos. Então eu abriria a janela do meu quarto e os sopraria para bem longe, com um alívio que eu nunca conseguiria descrever nem na minha melhor inspiração. Mas tudo ainda faz parte da minha ficção infantil. Além disso, é tarde, vê?
Escuta, menino, eu sempre te amei acima de todas as tuas falhas. A culpa não é minha e, no fundo, sei que você entende. Eu tive esperança de um dia poder ajustar esse teu jeito desarrumado à minha vida. Mas eu devia saber que você não é uma lata de alumínio pronta pra ser moldado ao meu querer. (Ainda que eu só tenha desejado o melhor …) Essa conversa de sentir falta, menino, tudo isso ainda mexe comigo. Eu não gosto de confessar, mas por aqui tem se passado a mesma coisa. Só que agora não adianta insistir. Eu te falei tantas vezes, lembra? Que só brincar de amor não sustenta o tempo. Que é preciso levar a sério quando se quer durar. Chega uma hora que a gente precisa aprender a ser pro outro, compreende agora? Mas não, agora não adianta. Escuta, é tarde.
Por isso vai, menino. Que eu continuo sendo mais um dos teus vários amores. Desses que duram um gole de cerveja ou um samba no pé e depois viram pó. Volta a tocar tua vida com teu sorriso bandido e todas as tuas besteiras. Um dia se eu ver novamente, os teus olhos castanhos brilhando pra/por mim, em um gingado diferente, é sinal que tu achou o teu próprio conserto. Aí quem sabe, menino, se a gente se encontrar num desses becos sem saída… a gente descubra que só há uma saída pra nós dois.
Adaptação do Texto "O que tu não sabe, morena", por Sâmia Louise.
Quando eu era criança, costumava brincar com as ferramentas do meu pai, dizendo-me uma cientista inteligente que iria fazer robôs com latas de leite ninho. Olho essas chaves e pregos e martelos e coisas que até hoje não aprendi o nome, e… Se eu pudesse, menino, te deitaria naquela mesa da área de serviço, e passaria um dia inteiro com essas ferramentas nas mãos, consertando os teus defeitos. Desenroscaria teus vícios, acertaria tuas manias, bateria um prego em teus medos e poliria o teu coração… tudo ficaria em seu devido lugar. Seria um dia árduo de trabalho, talvez até dois. Depois, me dedicaria a escavar os teus erros, saboreando a lentidão em que eles seriam transformados em pó, totalmente inofensivos. Então eu abriria a janela do meu quarto e os sopraria para bem longe, com um alívio que eu nunca conseguiria descrever nem na minha melhor inspiração. Mas tudo ainda faz parte da minha ficção infantil. Além disso, é tarde, vê?
Escuta, menino, eu sempre te amei acima de todas as tuas falhas. A culpa não é minha e, no fundo, sei que você entende. Eu tive esperança de um dia poder ajustar esse teu jeito desarrumado à minha vida. Mas eu devia saber que você não é uma lata de alumínio pronta pra ser moldado ao meu querer. (Ainda que eu só tenha desejado o melhor …) Essa conversa de sentir falta, menino, tudo isso ainda mexe comigo. Eu não gosto de confessar, mas por aqui tem se passado a mesma coisa. Só que agora não adianta insistir. Eu te falei tantas vezes, lembra? Que só brincar de amor não sustenta o tempo. Que é preciso levar a sério quando se quer durar. Chega uma hora que a gente precisa aprender a ser pro outro, compreende agora? Mas não, agora não adianta. Escuta, é tarde.
Por isso vai, menino. Que eu continuo sendo mais um dos teus vários amores. Desses que duram um gole de cerveja ou um samba no pé e depois viram pó. Volta a tocar tua vida com teu sorriso bandido e todas as tuas besteiras. Um dia se eu ver novamente, os teus olhos castanhos brilhando pra/por mim, em um gingado diferente, é sinal que tu achou o teu próprio conserto. Aí quem sabe, menino, se a gente se encontrar num desses becos sem saída… a gente descubra que só há uma saída pra nós dois.
Adaptação do Texto "O que tu não sabe, morena", por Sâmia Louise.
— E o que a gente vira quando vai embora de alguém?
— Uns viram pó. Outros caem igual estrela do céu. Outro só viram a esquina… E têm aqueles que nunca vão embora.
— Não? E eles ficam onde, Senhor?
— Na lembrança.
*
Diz o mestre: ''A encruzilhada é um lugar sagrado. Ali o peregrino tem que tomar uma decisão. Por isso os deuses costumam dormir nas encruzilhadas. Onde as estradas se cruzam, se concentram duas grandes energias -- o caminho que será escolhido e o caminho que será abandonado. Ambos se transformam em um caminho só -- mas apenas por um pequeno período de tempo. O peregrino pode descansar, dormir um pouco, até mesmo consultar os deuses que habitam as encruzilhadas. Mas ninguém pode ficar ali pra sempre: uma vez feita a escolha, é preciso seguir adiante, sem pensar no caminho que deixou de percorrer. Ou a encruzilhada se transforma em maldição''.
♪♫ This is not my surrender
I'm not running for cover
I'm right here, I know you see me
But your words no longer deceive me
In the night
When you're lonely, you'll remember how much you miss me
So you call, but I swear
You can try a million times, you'll get the same answer
All I have to say is you don't deserve me, you don't deserve me
I'm finally walking away, cuz you only hurt me
And you're not worthy ♪♫