O silêncio responde até mesmo o que não foi perguntado.

Eu nunca aceitei o sentimento que nutria por você. Sempre quis entender o porquê e o pra quê - de tanta loucura, tanto desejo, tanta emoção. Eu nunca respeitei suas idiossincrasias, tampouco entendia como pude ser tão escrava tua, e de um amor que nunca foi correspondido, de uma vida que não me dizia nada, não me aquietava em coisa alguma, não me preenchia, não me findava, não permitia com que eu concretizasse nada. Nós tivemos começo, e bem no meio eu acreditei que pudesse dar certo, mas quando acabou... Eu fiquei com a sensação de nunca ter acontecido de verdade. Não tínhamos solução! Irremediável! 
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Posso confessar que sequer sinto saudades do seu amor? Eu não sinto! Pronto, falei! Pra ser sincera, só hoje eu vejo que ele nunca existiu. Eu nem sei qual cara ele teria, nem sei qual cheiro ele teria. Não existe morte para o que nunca nasceu. Acho que eu sinto falta mesmo, é das sensações que eu experimentava com você. Aquela taqui-bradi-cardia involuntária, congelar na sua presença (hoje tão insignificante). Era a vida se mostrando mais poderosa do que eu e todos os meus princípios belíssimos, que gritavam pra que eu não fosse adiante. Era a natureza me provando ser mais forte do que todas as minhas crenças. Eu não mandava no que sentia por você. Eu não aceitava. Não queria. E ainda assim, era inundada constantemente por um sentimento novecentas vezes maior do que a minha própria subjetividade suportava. Eu te amava! E não que eu fosse masoquista ou coisa parecida... Eu amava o melhor que você podia ser, e nem você sabia disso. E isso era lindo, sabe? Você era lindo. Simplesmente isso. 
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E apesar de todo o encanto ter se quebrado e os nossos sonhos terem se perdido nas esquinas da vida, eu ainda te vejo passeando pelas ruas, me pegando pelo braço e me levando embora. Você continua sendo responsável, por todas as minhas manhãs sem esperança, noites sem aconchego e tardes sem sal nem açúcar. Sinto falta de te olhar no outro banco do carro, com seus ombros que de tão largos, me aconchegavam e me aquietavam... ali. De um jeito que nem eu consigo descrever. Sinto falta de lembrar que você me via tanto, que preferia agir como se não visse nada. Sinto falta da sua inquietude disfarçada em arrogância - em não dar conta, não ter amor, nem vida, nem saco, nem músculos, nem medo, nem alma – suficientes, pra me reter... Pra sempre! 
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Eu sinto falta do mistério jamais desmembrado, jamais esclarecido, de amar a última pessoa do mundo, que racionalmente eu conseguiria... Você!
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"Chega um dia em que as pessoas simplesmente mudam. O sentimento acaba ou adormece e o coração faz novas escolhas."











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