Em frente ou enfrente.


Engraçado como algumas coisas (até ontem insubstituíveis) se tornam irrelevantes – pra mim. E não é que eu descarte pessoas com a mesma facilidade a qual eu descarto objetos, mas... A gente cansa né? Eu canso. E Lacan ensina que a felicidade está no meio termo das coisas, mas... Esse negócio de equilíbrio e relações mornas é bem mais ou menos e definitivamente não tem nada a ver comigo. E quer saber? Graças a Deus. Eu nem sei ao certo quanto tempo se passou desde que tudo se acabou. Parece uma década... E eu venci tanta coisa... Eu aprendi que a única recompensa que você recebe da vida depois de sofrer o pão-que-o-diabo-amassou – é o amadurecimento. Queria falar bonito, mas a verdade é que: A vida não mima ninguém! A depressão foi embora e o vazio foi preenchido. Finalmente eu consegui retomar a minha vida, fazer outros planos. Eu não sou mais uma menina. E é estranho não ser mais uma menina. Me reconhecer forte e carregar nas costas todo o peso e toda a responsabilidade de ser assim... GRANDE. Eu já vivi tanta coisa na minha vida (apesar de ter pouco mais de vinte anos), que quando lembro me emociono e me identifico como se fosse um personagem desses de cinema. Algumas coisas eu lembro e dá orgulho. Como se aquela mulher lá de trás tivesse tido uma força que vezenquando eu até esqueço e nem vejo em mim. E quando eu me sinto triste por qualquer coisa boba ou uma lembrança ruim, eu penso: “Mas não foi você que viveu sozinha e superou tudo aquilo lá atrás?”. A verdade é que aquela mulher me rouba o direito de ser fraca. Lembro-me dos últimos anos, dos relacionamentos a distância que nunca davam certo, do noivado desfeito, da casa escolhida e nunca habitada, da casa dos meus pais em Salvador (enorme sem a minha mãe por perto), da relação estreita e complicada com o meu pai, da adolescência inteira (perdida?) em cima dos livros, das noites insones, da Faculdade de Direito, das traições, das brigas compradas pelos direitos das pessoas e da minha demissão de um emprego promissor em prol disso... da mudança pra São Paulo, do abandono dos grandes amigos, da morte do cachorro, do sufoco aos 20, das loucuras pra viver um grande amor, da perda dos sonhos, dos quase 40kg ganhos por conta do casamento do homem que foi por anos a minha vida, da paixão ensandecida por aquele a quem hoje eu tenho certeza que sequer cheguei a amar, da depressão, da traição de amigos, da perda do meu filho, das redescobertas, das experiências, dos temperamentos, da paixão pelo Roberto Carlos, do show da Ana Carolina que eu sempre planejei e nunca cheguei a ir, dos receios... dos medos... das madrugadas embebidas de sorrisos e planos de viajar pelo mundo, das gargalhadas, das discussões de Freud, Lacan, Skinner, teoria do apego e estímulos e respostas... do tesão, da decisão mais importante e dolorosa de toda a minha vida. Das brigas em nomes de tantos, da decepção, da dor... toda a dor, do renascimento... do medo de amar de novo e a incerteza se um dia conseguiria. Do início do estabelecimento de padrões de defesa, da explosão, da loucura. Admito que tudo que vivi de ruim, machucou, doeu e sufocou. Tantas vezes, eu nem sabia direito pra onde correr. Admito que me corroeu, me despedaçou e matou boa parte do que eu tinha de mais bonito em mim. Mas também admito que me fez aprender a olhar sempre pra frente e entender que tudo nessa vida tem uma razão. E quantas vezes os ganhos não vêm disfarçados de perdas? A gente acha que é a criatura mais infeliz e sem sorte do mundo, acha que deu tudo errado e de novo, e de repente... O universo nos presenteia. E... Deus é o cara! Saudável é perceber que eu superei e estou feliz outra vez. Por mim. Qual seria o meu caminho se eu simplesmente tivesse percorrido trilhas diferentes? A verdade é que... Se eu pudesse fazer tudo diferente, acho que faria tudo (ou quase tudo) igual. Amaria da mesma forma e com a mesma intensidade a todos que amei, confiaria demasiadamente nas pessoas e daria o melhor de mim o quanto me aprouvesse. Se a gente é honesto – e isso não é reconhecido, respeitado, valorizado - azar o deles. A mulher que eu sou hoje, é a soma de todas as decisões que tomei. Boas e ruins. E é essa mulher que eu aprendi a admirar e a amar imensuravelmente. E hoje eu vim aqui dizer que: “É isso aí, Stephanie! Você tem se saído bem. As suas limitações, nunca roubarão de você, a capacidade de ser um ser humano digno e incrível. E pelo amor de Deus, vê se você se perdoa por cada bobagem, desvario, falha e engano – que cometer.”. É isso... ENTENDA! Porque às vezes, eu tenho certeza que não entendo e acabo cobrando de mim o extremo de coisas que... me ocultam mesmo é de mim. E o sorriso do bebê na Estação de Metrô, me fez lembrar que o tempo cura, e nos dá sempre, um motivo maior pra seguir.


"As pessoas costumam dizer: - Um dia vamos olhar para trás e sorrir! E eu me pergunto: - Pra quê esperar?"


"Um band-aid no coração, um sorriso nos lábios e tudo bem."
:)

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