Resposta ao Tempo

Tem umas semanas que minhas gavetas e meu armário me chamam. Cartas amontoadas, fotografias antigas [trazendo saudade de todo lugar], roupas amarrotadas, livros que comprei com um monte de entusiasmo [e sequer li a sinopse]... Toda essa bagunça repercute em tantas outras instâncias da minha vida. A desorganização me incomoda, mas, é tão mais fácil deixar tudo como está. A bagunça não está só nos armários e gavetas da escrivaninha... Ela está em cada pedaço da minha vida... E daria tanto trabalho pôr tudo no seu devido lugar... E eu sofreria tanto desgaste... E então eu vou sendo tomada pela mais profunda apatia e pelo mais intenso conformismo. E vou adiando... Se eu apenas resolvesse resolver, seria tudo tão mais simples... Essa reflexão serve pra tanta coisa na vida... Pro dinheiro da poupança que nunca vai sobrar se eu não parar de gastar com futilidades, pra dieta que eu sempre transfiro pra segunda (que vai existir pra sempre, enquanto eu viver), pra a caminhada que me deixaria menos cansada (sempre amanhã... adiada), pra determinar a solução daquele relacionamento tão estimado (e o mais importante são aquelas toneladas de certezas)... E tudo isso é tão estúpido. Meu tempo nunca vai sobrar pra coisa alguma. Sou eu que decido, é você quem decide - o que é mais importante aqui e ali, e oferece a isso, todos os minutos da sua vida. Não existe isso de “estou sem tempo”. Nunca existiu. Tempos todos os minutos, todas as horas, todos os dias, para o que quer que seja. Tempos tempo (e sempre teremos) para aquilo que julgamos mais importante. Para aquilo que priorizamos (e a gente prioriza tanta coisa, que mais pra frente descobre sem valor algum). A verdade é essa. Damos o nosso tempo àquilo que nos importa mais. E, se por algum motivo imbecil, não fazemos isso, estamos desperdiçando a vida.

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Dizer que o dia de hoje, pode ser o nosso último, não é dramatizar é “realizar”. Porque de fato, ele pode. E se fosse? Teríamos priorizado as mesmas pessoas? As mesmas situações? Teríamos ido embora sem ter dado um abraço naquela pessoa? Teríamos desligado o telefone, em pleno motim? Teríamos feito tudo exatamente da mesma maneira? Teríamos sofrido por tão pouco e desistido perto do topo? Eu sei que me exijo muito às vezes e morro de remorso por isso. Eu me cobro sempre certezas e ações que eu sequer sei se consigo... Exijo de mim, exijo das pessoas, exijo do mundo. E são tantas exigências... E eu morro de medo de organizar tudo e descobrir que, todos os meus dogmas, não passavam de crenças estúpidas e surreais e que nunca fizeram sentido algum, nem pro outro, nem pra mim. Too many choices... (Talvez esse tenha sido um dos textos menos racionais... Mas eu tenho enxergado metáforas em tudo. Nas gavetas, nas fotografias, nos meus cabelos sempre presos e nas minhas roupas cada vez mais largas e escuras, no meu rosto pálido, na música da Nanna que eu escuto agora. E ela diz tanto...) São muitas escolhas, são muitos os caminhos. Mas o que a gente não pode fazer, é deixar que elas nos desorientem e nos paralise a vida. All comes down to nothing... Como na minha metáfora das gavetas e do armário, nada dali vai se ajeita sozinho. Eu preciso ajeitar. Dobrar o que puder ser dobrado, organizar o que puder ser organizado, jogar fora o que não servir mais pra nada. Fazer isso é respeitar o ciclo natural da vida. Abrir espaços, abrir a vida, dar espaço pro novo. Não deve ser legal ler isso (acreditem, não está sendo legal escrever), mas não há outro jeito de se dizer. É assim.

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O universo te devolve, aquilo que você ACHA que merece. Se você se acha insuficiente pra quem quer que seja, o universo devolverá esse reflexo para sua alma. É isso. :)

"... nós não temos chances infinitas de conseguir o que queremos. E disso eu sei...  Nada é pior do que perder uma oportunidade que poderia ter mudado sua vida."  (GA)

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