Simbiose da Gente

Ontem te escrevi duas vezes. A primeira, apesar de sincera, saiu lamentativa, latina de dar dó. A segunda, apesar de madura e controlada, saiu fingida. Porque nós dois sabemos que de madura e controlada, eu não tenho nada. Diante disso, optei por não mandar nenhuma das duas. Eu não sei o que fazer com esse vício que é falar de você. Eu escrevo, escrevo, escrevo e parece não ter fim essa convicção de que, o amor se pôs em você.

Te esqueço serena todos os dias, pra te lembrar atordoada durante a noite. E como será que é acordar de manhã e não esperar nada? O toque do celular, do Messenger, do Facebook, do e-mail, do chão? Queria ter controle sobre esse meu coração, que ao te ver, bate em ritmo de escola de samba. Eu não sei explicar o que me acontece, quando você se aproxima. Eu sei que não tem futuro, sei que não tem jeito, sei que não há solução. Mas tudo isso, é porque você não quer. E isso machuca tanto... Porque metade de mim implora sua presença, mas a outra implora a minha consciência.

Tenho andado tão afastada de tudo que, ir ao botecozinho comprar coca-cola me parece uma aventura. Por favor, me dêem tempo. Eu preciso desesperadamente vencer aquela porção de mim que diz que eu não posso que eu não consigo que eu não mereço. E apesar de saber que tudo isso que dói, passa – é difícil seguir em frente. Se está sendo assim, é porque tinha que ser. Virão outros ciclos depois. Escrevi na porta do armário: “Tá certo que o sonho acabou, mas você não precisa torná-lo pesadelo, certo?” E isso me dá tanta força às vezes...

Muitas ilusões dançaram, mas eu me recuso a descrer absolutamente de tudo. Eu faço força todos os dias, pra manter a esperança acesa, como vela. E apesar de lamentar muito às vezes, sei que essa não é a melhor solução. Eu não preciso fazer dos problemas, monstros insolúveis, becos sem saída. Nada é tão terrível... A gente só precisa viver né? Do melhor jeito que puder, ainda que torto. Eu vivo me desdobrando pra encarar as dores com naturalidade e muitas vezes me pego enfeitando sorrisos. Tenho olhado pra dentro bem devagar... Procurando ritmar os dois mundos, para que eles possam se encaixar novamente e passem a fluir. Porque eu não estou fluindo.

E como menina teimosa que sou, sempre vou tentar desentortar os caminhos. Construir castelos de areia, sem pensar nos ventos. Em buscar verdades, ainda que elas fujam de mim. A manter meu buquê de sorrisos no rosto, sem perder de vista, aquela ingênua vontade de sempre... Recomeçar com o coração ferido e com a cabeça erguida.

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