Sobre recomeços.

- Você acha mesmo que vale a pena sofrer por uma pessoa que é feliz sem você?
(Ela pensou, repensou, trepensou e caiu nele. Ela sabia que ia sentir uma baita falta dele. E que sentiria por longos invernos... Nela ficou um vazio que ninguém (pre)enche, e ainda assim, consertou-se na poltrona, levantou o rosto, balançou o cabelo alaranjado e relembrou do quanto se divertiam juntos... De todas as conversas e risadas...)
- Vivemos tanta coisa e veja agora... Nem nos procuramos mais.
- Você tem que parar de sentir falta, de quem não sente de você. Há tantas pessoas para serem conhecidas... Você é tão jovem. As coisas passam, os dias mudam. Os ares têm de ser novos e a vida continua... Com ou sem qualquer um.
(Ela relembrou de todas as vezes que ele a deixou esperando, de todas as vezes que ela precisou de um pouco mais e mesmo sendo muito pouco, ele nunca teve pra dar. Relembrou das lágrimas antes amargas perfurando as noites... Os encontros marcados e adiados que custavam a acontecer... Do quanto ela se sentia pequena e inferior diante daquele homem tão grande e tão forte... Ela lembrou a sua avó, quando ela dizia que: “Quando a gente ama fia, não importa o quão coração de pedra o moço seja... ele vai atrás do seu amor, de um jeito ou de outro, ele sempre vai...” Tentou com muita dificuldade lembrar-se de quantas vezes aquele rapaz grande e forte lutou por ela. Mas fora inútil. Não houve... E foi então que ela decidiu que, mesmo pensando nele quase todos os dias e noites, ela permaneceria firme na decisão de deixá-lo pra trás. Tem coisa mais autodestrutiva que, insistir sem fé alguma? – Disse a si mesma. Ela olhou fixo nos olhos dele, como quem toma uma decisão importante... E com voz altiva tornou):
- Não! Não vale a pena. Essa história não vale à pena. Ele não vale à pena. Nós dois não valemos a pena. A única coisa disso tudo, que sempre valerá alguma coisa, sou eu.
- Quem?!
- EU!
(Ele sorriu, sentindo um orgulho imenso da menina. Mas nada disse. Ele nunca foi de elogios, muito menos de muitas palavras. Ele apenas permitiu que uma lágrima lhe corresse a face e balbuciou):
- Quem bom que você consegue se enxergar, do mesmo modo que eu sempre enxerguei você.
(Ela sorriu, mas nada disse. E em seguida tornou):
- Aceita um café?
- Sim!
(E a tarde seguiu tranqüila, com tamanha sintonia e empirismo que havia nos dois.)

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