Relicário

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Faz tempo que eu não escrevo (e faz tempo que esse sentido sumiu)... E é por isso que estou aqui. Sem a intenção de escrever um belo texto ou reflexão. O que eu quero é me desvencilhar de tudo que estava atenta antes. Eu preciso recuperar a minha mania boba e tão ingênua de externar tudo... De escrever sobre qualquer coisa, sem peso. Eu não gosto dessa nova versão de mim. Essa mulher fria, que dissimula e ignora suas emoções; que bebe as angústias e os medos perversamente (meus ou de outrem).

E eu descobri que o melhor é não culpar ninguém pelos enganos... Se uma pessoa mente e te engana, parte da culpa é SUA que permitiu. Existem pessoas de má fé e pessoas boas. E o primeiro tipo, brotará facilmente em todos os caminhos da sua vida. Cabe a VOCÊ discernir. Cabe a VOCÊ reconhecer. "Engane-me uma vez, vergonha pra você. Engane-me duas vezes, vergonha pra mim." E ponto! Eu não costumo procurar culpados, mas se tiver que fazê-lo, aceito a alcunha. Apesar de, eu continuarei acreditando no amor, nas pessoas e no bem. Eu vivo pelo bem, eu faço o bem.

Eu não vou me embrutecer. E eu permanecerei acreditando nos meus ideais. Podem maltratar meu coração... Mas a minha essência, ninguém conseguirá tocar. E sabe de uma coisa? NADA acontece sem a permissão dos céus. Nenhuma folha cai da árvore, sem o consentimento de Deus. E se eu passei por tudo isso, é porque eu precisava aprender alguma coisa (e eu aprendi tanto...). Deixe estar... O que é pra ser, VIGORA! E é claro que, mesmo sabendo disso tudo, a gente sofre. Porque cedeu demais, deu tudo que tinha, acreditou, suspirou, sonhou... Tudo isso SOZINHO.

Mas sabe, apesar de toda desilusão, me sinto mais leve... Sem as expectativas de encontrá-lo... Sem aquela ansiedade de passar a noite em claro (só pra chegar de manhã mais rápido), de me maquiar e passar horas frente ao espelho (procurando maneiras de me tornar um pouco mais bonita, só pra ele ter orgulho do que tinha nas mãos). Dói, porque eu preferi me martirizar por erros que sequer cometi só pra poder continuar acreditando que aquele amor (que eu imaginava) existia. Ninguém se engana pra sempre. E dessa fase, eu não quero nem a lembrança. Cada escolha é uma renúncia. E aceitar que você não foi à escolha de alguém, simplesmente fere. Fere o ego, fere o peito.

"A Outra" só é feliz, nas novelas e em romances. Na realidade, ela é sempre um brinquedo caro (que diverte, encanta e depois perde a graça, sendo deixado num canto... Empoeirado, sem vida, sem nada.). O erro foi meu! Esperar de uma relação medíocre, um conto de fadas, é no mínimo estúpido. E depois de tanto tempo, acorrentada a um amor infrutífero... Não sei se a mágoa maior é pelo engano ou por seu descaso... E que imensa miséria o grande amor - depois do não, depois do fim - reduzir-se a duas ou três frases frio-sarcásticas ou pior... Reduzir-se a nada. Foram tantas brincadeiras, tantas conversas, tantas risadas e olhe agora... Nem nos falamos mais. E quer saber? Tá tudo bem assim. Já me dói demais por essa história... Permito-me de uma vez por todas, jogar o livro fora (porque a gente não precisa cultivar as desilusões e os amores perdidos, não-recíprocos, não-vividos, incompreendidos). Não tem porque retalhar o coração assim...

E eu sei que você ainda vai permanecer no meu peito e no amargo da minha boca, por algum tempo... Mas um dia quem sabe? Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois... Sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". É ele que te empurra para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento você se surpreende pensando algo como "Estou contente outra vez!"; Ou simplesmente "Continuo!", porque já não temos mais idade para dramaticamente usarmos palavras grandiloqüentes como "Sempre" ou "Nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo a dar continuidade, na vida, nas pessoas e nas coisas.

O que eu não quero mais, nunca mais, é me pegar sentindo inveja da história dos outros. E eu juro que eu quero que o mundo seja todo feliz. Eu não desejo mal pra ninguém, não torço contra... Mas, sim, eu olhei pros dois e pensei: "Será que eu também não mereço?" E eu não quero ser parecida com um projeto de mulher, infeliz, que perdeu a perspectiva de que não se pode ter ou ser tudo ao mesmo tempo. São escolhas. São caminhos. Ir por um lado é necessariamente deixar de ir pelo outro. Cada escolha é uma possibilidade de recomeço, mas é também o abandono de outra possibilidade de recomeço. E isso não pode ser nunca motivo de tristeza.

Porque se a gente se enche de sentimento bom, não importa muito o que a sorte coloque em nosso caminho. Cedo ou tarde, a alegria que a gente sente nos conduzirá na direção do que era pra ser nosso "destino". Texto idiota Me sinto idiota. Mas nunca, nunca na minha vida quero é me tornar invejosa. Tem amor pra todo mundo no planeta... Um dia encontro o meu. E de uma vez por todas, eu digo ADEUS, a essa história de Pierrete. E você sabe, né? Eu continuo te desejando o melhor (e o melhor pra vocês dois). Você me ensinou na marra a amar primeiro a mim. E isso eu jamais poderia esquecer.

A partir de ontem, não pensarei em nada que não me fará sorrir. Nada de mágoas daqui para frente. Há muitos lugares pra serem vistos e muitas pessoas para serem conhecidas. Não tem porque se fechar. E eu sei que, todos os dias quando eu acordo, Deus dá um sorriso e diz: "Estou te dando a chance de tentar de novo." E eu vou conseguir. Que assim seja... E assim SERÁ! AMÉM!
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"Onde as estradas se cruzam, se concentram duas grandes energias -- o caminho que será escolhido e o caminho que será abandonado. Ambos se transformam em um caminho só -- mas apenas por um pequeno período de tempo. O peregrino pode descansar, dormir um pouco, até mesmo consultar os deuses que habitam as encruzilhadas. Mas ninguém pode ficar ali pra sempre: uma vez feita a escolha, é preciso seguir adiante, sem pensar no caminho que deixou de percorrer. Ou a encruzilhada se transforma em maldição."
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"Poderíamos ter tido tudo.
Você teve meu coração nas mãos,
mas o enganou no ritmo da batida."

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