Da Marla.




"Tem jeito não. A lembrança dele me arranca o sono nas madrugadas com a urgência de quem quer o amor malfeito mesmo, quando eu só precisava descansar da violência das minhas fomes_ daí eu ter posto música triste pra embalar meu sono. Mas ele me conhece e me acorda assustada com diálogos internos, imaginários ou não, e entra no meu sonho com nome e sobrenome falando das nossas questões mais truncadas com a clareza que eu precisava ao vivo e que não tive. E tudo pela demanda da sua vaidade. Se o que eu queria contar sobre nós dois eu nunca pude, porque não me deixar em paz com a caneta repousada no bloco de papel ao lado? Mas não, ele insiste em me entristecer inutilmente. Invade meus sonhos, bagunça meus planos de viver uma história possível e desanda meus sentimentos já tão enfileirados pro moço que me quer mais que tudo nesse mundo. E ele sussurra, quase que em carne e osso, as palavras mais levianas no meu ouvido. Eu fico esquisita: Tem amor tão bonito dentro de mim que não consigo dar ao outro nem desperdiçar com ele. Fico abundante de coisa pra compartilhar sem poder ou querer, e aí é que tudo se complica: Volto a dormir neste outono, agasalhada só na saudade, com essa melodia triste, quando sempre é madrugada..." - (Marla de Queiroz).

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