Iansã dos Ventos

"Entre um cigarro e uma fresta de desespero, eu escolho a palavra. Tenho raiva de dores que me calam fundo. Filha de Iansã dos Ventos, eu mudo a direção das chuvas se pretendo outro tempo ou momento. Meu corpo é cais e mar aberto. Meu coração é caos, céu encoberto. Minha mente, esse relâmpago de luz.A escolha é sempre extrema.Não me comovem tuas palavras tão amenas.Então que minha sede traga tempestades e que meus seios incitem teus maiores incêndios. Não gosto de superfícies ilesas, eu busco o de dentro. Posso transformar tristeza em raiva pra sentir mais força. Posso afogar minha doçura num rio de águas tão enjoativas. Mas sei reverenciar o mar que temo. Não pretenda minha fúria, queira-me mansa. Não pretenda minha mansidão, queira-me intensa. Perceba quando eu digo um sim dentro de um não. E quando eu te tiver nos braços, Obaluaê, me escuta: só te restará a escolha entre a tempestade e o furacão."

Postagens mais visitadas